Completo de série e com preço de sedã médio, não deu outra: o Azera foi líder isolado entre os sedãs grandes no ranking da Fenabrave de 2008 a 2011. A antiga versão tinha, de fato, um desenho envelhecido, mas o preço baixo aliado à boa qualidade geral (mecânica e de acabamento) o caracterizava como uma ótima opção de compra. Desde o começo do ano, com a chegada do Azera 2012 às concessionárias, a mesa virou. Completamente renovado e com visual alinhado ao dos demais sedãs da marca (vide Elantra e Sonata), o coreano também ficou mais caro - aliás, muito mais caro. "No fim de 2011, vendi as últimas unidades por 71 000 reais. O 2012 custa a partir de 109 000 reais", diz uma vendedora da concessionária paulistana.
A profusão de vincos, os faróis longos e o teto em forma de arco com porta-malas curto não deixam dúvida: esse é um legítimo sedã Hyundai da nova geração. O vinco no alto da tampa traseira se une ao das laterais, perdendo volume até se dissolver numa pequena onda acima da maçaneta da porta. Entre as lanternas, foi mantida a régua plástica vermelha com o nome do carro - característica marcante da geração anterior. Na dianteira, o aspecto atlético se mantém, com volumes no capo que avançam em direção aos para-lamas.
A estratégia de vendas continua igual. O Azera 2012 será oferecido em duas versões, Completa (de 109 920 reais) e Completíssima (125 000 reais). Se você também estranhar os nomes, peça pelos códigos: T696 e T695, respectivamente. Nessa fase inicial, apenas a top de linha estará disponível: "Dependendo da cor do revestimento interno que o cliente desejar, o tempo de espera pode chegar a 40 dias", diz uma vendedora.
Perfumaria e segurança
A diferença de 15 080 reais está num volumoso pacote de itens de segurança e conforto. O T695 traz, a mais, chave presencial para partida do motor e acionamento das travas das portas, sistema de som Infinity com dez alto-falantes, banco do motorista, volante e retrovisores com múltiplas regulagens elétricas, quadro de instrumentos com efeito 3D, iluminação no painel e nas portas abaixo das réguas (com visual de fibra de carbono), cortina traseira elétrica, teto solar panorâmico, faróis de xenônio, controles de estabilidade e tração e freio de estacionamento eletrônico com auxílio de saída em aclive.
Quem não fizer questão do Completíssimo e puder esperar pelo Completo - a rede estima que isso aconteça até abril, também será bem tratado. São itens de série ar digital bizona com saídas independentes na traseira, volante multifunctional e bancos dianteiros com aquecimento, sensores de distância frontais e traseiros, bancos de couro, escapamento com duas ponteiras cromadas, ABS, airbags frontais, laterais, superiores e de joelho (este, só para o motorista) e sensor de chuva.
O aspecto dos materiais é ainda melhor do que o que se via no antigo Azera. O plástico do painel tem textura e brilho similares aos dos sedãs alemães. Aliás, com preço acima dos 100 000 reais e design atual, o Azera arcará com ônus e bônus da conquista do status de carrão: ele competirá com os modelos de entrada de Audi, Mercedes e BMW. Espaçosa, a cabine acomoda bem quatro adultos, mas se a ocupação do centro do banco traseiro for inevitável, tudo bem. Há cintos de três pontos, encosto de cabeça e o ressalto do piso não chega a atrapalhar a acomodação das pernas.
Na pista, a nova geração do sedã anda e bebe menos que a antiga. No 0 a 100 km/h são 9,9 ante 8,4 segundos, com consumo (urbano/ rodoviário) de 7,9/12,8 km/l ante 7,9/11,1 km/l. O câmbio continua com a mesma configuração: uma caixa automática com conversor de torque e seis marchas com opção de trocas sequenciais na alavanca. A atuação do powertrain merece elogios pela suavidade de trabalho. Sem aspereza ou trancos, o Azera pode até não oferecer desempenho de tirar o fôlego, mas está muito longe de ser um carro lerdo nas acelerações e retomadas. O silêncio na cabine é tamanho que nosso equipamento não conseguiu medir o índice de decibéis com o câmbio em ponto morto - o limite mínimo é de 34 dBA.
Novo perfil
A suspensão, McPherson na dianteira e multilink na traseira, é suave. Na pista de paralelepípedos da TRW, cercada por duas paredes para facilitar a detecção de ruídos provenientes da parte de baixo do carro, as suspensões também se mostraram silenciosas. Mas os admiradores do rodar macio ao extremo sentirão saudade do antigo Azera. Com pneus 245/45 R18 em substituição aos 235/55 R17, a altura do ombro diminuiu em 14,7%, de 129 para 110 milímetros.
Evoluído e mais ambicioso, o Azera vai encarar novos inimigos em breve. Além dos menores Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C, brigará com a nova geração de Chevrolet Malibu e Ford Fusion. Sem a ajuda do preço de aspirante da geração anterior, será sua prova de vestibular para se estabelecer no andar superior.